Recentemente, o Cowboy State Daily – um veículo independente online de notícias baseado no estado de Wyoming, nos EUA – publicou um artigo sobre um projeto de lei estadual que propõe a obrigatoriedade de rotulagem “Made in the USA” em todos os produtos de carne bovina norte-americana vendidos localmente.
O projeto de lei foi elaborado pela senadora estadual Cheri Steinmetz, e tem como proposta deixar claro aos consumidores do país quando eles estão comprando carne bovina não-norte-americana, esclarece um artigo publicado em www.beefmagazine.com, e escrito pelo jornalista Clint Peck, especializado na cobertura do setor pecuário.
No artigo do Cowboy State Daily, diz Peck, algumas suposições são apresentadas. Uma delas é: “A carne bovina importada é processada de acordo com os padrões de segurança alimentar do país em que está, que podem ser muito mais baixos do que os aplicados nos EUA”.
A outra suposição no artigo afirma: “A presença estrangeira no mercado de carne bovina norte-americano geralmente reduz os preços ao aumentar a oferta”.
Antes de prosseguir com as declarações de Clint Peck sobre o projeto de lei estadual, é bom lembrar ao leitor do Portal DBO que os EUA se tornaram, em 2024, os maiores importadores mundiais de carne bovina brasileira in natura depois da China.
No ano passado, o Brasil exportou 189,24 mil toneladas da proteína ao mercado norte-americano, ficando atrás somente da China, que adquiriu 1,32 milhão de toneladas.
Segundo o artigo de Peck, “uma nova geração de autoproclamados especialistas da indústria norte-americana da carne bovina está trabalhando para baixar a maré, atacando categoricamente as importações”.
“Usando a mídia impressa e, especialmente, as mídias sociais, eles insinuam — ou declaram abertamente — que a carne bovina que não carrega o selo “Made in US” deve ser automaticamente considerada insegura e prejudicial à saúde”, relata o jornalista.
Na avaliação de Peck, quando esses “especialistas condenam que 15% do fornecimento de carne bovina importada aos EUA, eles colocam em questão os 80% da proteína produzida localmente que não tem marca, mas carrega um selo ‘Inspecionado e Aprovado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)’”.
“No final das contas, todos nós pagamos o preço, pois esses “influenciadores” minam a confiança na indústria de carne bovina dos EUA”, diz Peck.
Os EUA definem o padrão
Por lei, o Serviço de Inspeção de Segurança Alimentar (FSIS), do USDA é responsável por garantir que a carne importada seja segura, saudável, não adulterada e devidamente rotulada e embalada sob sistemas de inspeção “iguais” aos dos EUA.
“É seguro dizer que os EUA definem o padrão global para a segurança da carne bovina”, esclarece Peck.
Somente países que podem demonstrar sistemas de inspeção de segurança equivalentes são elegíveis para exportar para os EUA.
“É importante observar que a maioria dos outros países importadores, como os da UE, Ásia e Oriente Médio, exigem dos exportadores medidas de equivalência que refletem aquelas definidas pelo USDA”, diz ele, em seu artigo.
De acordo com o jornalista, uma vez que um produto de carne importado entra nos EUA, a remessa está sujeita a uma nova inspeção.
“É verdade que nem todas as caixas são abertas, nem todos os pedaços de carne bovina congelada desossada são amostrados. Mas depois que o FSIS-USDA libera o produto no comércio, ele está sujeito a uma inspeção mais aprofundada antes de ser processado e embalado para revenda”, explica Peck.
Recalls de carne bovina importada, assim como de carne bovina nacional, ocorrem, observa o jornalista.
Em março de 2024, recorda Peck, 20.000 libras de carne bovina uruguaia fresca importada por uma empresa sediada na Califórnia foram distribuídas para processadores no Arizona, Califórnia, Oregon e Washington.
Os documentos de importação da remessa não foram encontrados pelos inspetores e o produto foi rastreado, recolhido e descartado depois que o FSIS descobriu o problema durante atividades de vigilância de rotina.
“Embora o recall não tenha sido sobre a segurança da carne bovina importada, o produto, em última análise, nunca entrou nos canais de consumo”, ressalta.
Na visão de Peck, os frigoríficos norte-americanos podem voluntariamente rotular a origem de seus produtos de carne bovina.
“Centenas de fazendeiros e processadores fazem isso com sucesso, em números crescentes, em uma base local e regional todos os dias. Eles distinguem seus produtos no mercado contando sua história, por meio da fidelidade local ou à marca e aplicando direta ou indiretamente um rótulo “Made in US”, destaca o jornalista.
À medida que esses produtores ganham participação de mercado, continua Peck, eles adquirem consumidores por meio da fidelidade local com uma mensagem de confiança e rastreabilidade.
“O desafio é diferenciar um produto de carne bovina enquanto mantém a maré alta para muitos outros produtores que vendem seu gado e carne bovina no mercado de commodities mais tradicional — que inclui, em sua mistura, carne bovina importada”, diz.
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