Revista MS

Campo Grande,

fevereiro 13, 2025

Denis Cardoso

Um das seções do novo Anuário DBO (2024/2025), que acaba de ir ao forno (gráfica) e passará a circular para os assinantes a partir de fevereiro/25, mostrará aos leitores um estudo completo sobre o desempenho financeiro das atividades agropecuárias em 2024, incluindo as diferentes operações da pecuária de corte (ciclo completo, recria e recria-engorda).

O trabalho é realizado anualmente pela Scot Consultoria, que calcula, além dos resultados anuais das commodities agrícolas, as rentabilidades médias de diferentes investimentos disponíveis no mercado financeiro.co

No caso das atividades agropecuárias, os cálculos são baseados em modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico.

Neste texto a seguir, o Portal DBO antecipa os dados de rentabilidade do setor de grãos em 2024, enquanto os leitores aguardam o estudo completo disponível no Anuário DBO 2024/25.

Segundo o analista Felipe Fabbri, um dos elaboradores do estudo da Scot, o mercado brasileiro de commodities agrícolas foi “desafiador” em 2024, com preços em queda.

“Com os custos de produção ainda altos, os resultados das operações agrícolas estiveram pressionados, mesmo aquelas com maior tecnificação”, diz Fabbri.

Entre as atividades agropecuárias, os retornos ficaram, pelo segundo ano seguido, abaixo dos investimentos mais conservadores e de menor risco, compara o analista.

Para a soja e o milho, informa Fabbri, o mercado passou por dificuldades em 2024, mas com margens ligeiramente melhores do que a apontada em 2023.

“Destacamos que o resultado em 2024 foi diferente entre as regiões, a depender de fatores como o momento da comercialização, seja da commodity ou dos insumos para a produção, que, ao longo do último ano, tiveram períodos distintos entre o primeiro e o segundo semestre”, observa Fabbri.

Com isso, a margem da atividade de soja e milho em 2024 ficou em 1,7%, ante o resultado de 1,45% alcançado em 2023, segundo a Scot.

Expectativas para 2025

Os preços da soja e do milho, em 2025, devem traçar caminhos distintos, antecipa Fabbri.

No mercado do milho, diz o analista, após o recorde de produção em 2022/23, havia a expectativa de estoques finais confortáveis para o início da safra 2023/24. “Mas não foi o que aconteceu”, observa Fabbri.

Em 2023, com uma conjuntura internacional favorável, a exportação brasileira de milho despontou – foram 55,9 milhões de toneladas embarcadas no período de 12 meses. Além disso, naquele ano, a demanda interna também cresceu.

Com isso, relata Fabbri, os estoques finais – que abasteceriam o mercado até a entrada da safra de verão 2023/24 – diminuíram.

“Em 2024, o ritmo de embarques de milho foi menor, mas a demanda interna teve, mais uma vez, forte crescimento”, destaca Fabbri.

Com condições climáticas desfavoráveis na semeadura da safra de verão e seca durante o período de desenvolvimento do milho na segunda safra em 2023/24, a produção nacional do cereal foi menor, o que resultou em aumento nos preços do grão ao longo do segundo semestre.

Assim, diz Fabbri, os estoques finais brasileiros, para a safra 2023/24 – que abastecerão o mercado até fevereiro/março de 2025 – deverão ser os menores dos últimos anos, “colaborando com a expectativa de um mercado firme em 2025”.

Segundo o analista, ainda contribuem com o viés de alta nos preços domésticos do milho as incertezas quanto à oferta no ciclo 2024/25, que, apesar da expectativa de uma maior produção, possui riscos quanto ao tamanho da produção na próxima temporada, uma vez que a área com milho na primeira safra deverá ser 5% menor.

“Assim, a produtividade será responsável pela manutenção da produção, ou seja, qualquer frustração diminuirá o potencial de produção”, alerta Fabbri.

Além disso, continua ele, apesar de uma menor pressão quanto ao risco para a janela de semeadura na segunda safra de milho, ainda há dúvidas quanto ao potencial de produção para a segunda safra.

“Neste contexto – de maior demanda e uma oferta incerta –, a expectativa é de um mercado de milho com pouco espaço para retrações ao longo de 2025, salvo, é claro, os momentos de maior oferta e sazonalidades naturais”, prevê Fabbri.

Tendências da soja 

Para a soja, projeta o analista, a expectativa é de um mercado pressionado, com a estimativa de recorde de produção no Brasil (166 milhões de toneladas) e uma boa produção nos Estados Unidos e na Argentina, promovendo um quadro de estoque final superior a 110 milhões de toneladas.

“Atenção, porém, ao clima em Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e na Argentina, regiões que têm tido chuvas abaixo da normalidade e que podem ter a produção afetada”, alerta Fabbri.

Outro ponto de atenção, continua o analista, é a expectativa de maior concentração de oferta em fevereiro, com as chuvas em Mato Grosso no início da semeadura que retardaram os trabalhos de campo, aumentando a concentração das operações em uma janela muito próxima em novembro.

Fabbri diz que também é preciso ficar atento às mudanças de rumo promovida pelo governo norte-americano (gestão-Trump), que, a depender da política comercial adotada, pode resultar no aumento da procura pela soja brasileira, reduzindo a pressão sobre os prêmios de exportação.

O post Em 2024, atividade de milho-soja registra baixa rentabilidade, revela Scot apareceu primeiro em Portal DBO.