Revista MS

Campo Grande,

janeiro 25, 2025

Denis Cardoso

Depois dois meses seguidos de grande euforia estimulada pela forte valorização do boi gordo, que culminou em novo recorde histórico no preço nominal diário da arroba – de R$ 352,65/@, em 28/11/24 (indicador Cepea/Esalq, praça paulista), o mercado abriu dezembro em banho-maria.

Isso porque, de maneira até um pouco surpreendente para os analistas que acompanham de perto o setor, os frigoríficos não só tiraram o pé das compras de boiadas gordas, como, alguns deles, anunciaram férias coletivas dos funcionários de plantas abatedouras.

Como se sabe, o último mês do ano é marcado pelas comemorações típicas, como “amigo secreto” entre funcionários da turma, as reuniões de despedidas para o (merecido) período de férias e, claro, o encontro familiar de Natal.

E, como se sabe, onde há festa, há churrasco – sobretudo com cortes de carne bovina, de longe a proteína preferida dos brasileiros.

Mesmo com parte do décimo terceiro salário na contas dos trabalhadores, a demanda interna pela carne bovina, que vinha sendo um dos indicadores responsáveis pelo fortalecimento na cotação do boi gordo, enfraqueceu no início de dezembro, justamente pelo encarecimento nos preço da carne bovina nas prateleiras dos supermercados/açougues.

“Pelo quarto mês consecutivo, todas as proteínas animais no atacado paulista registraram valorizações em novembro/24”, destaca relatório da Agrifatto enviado nesta terça-feira (3/12) aos seus assinantes.

No atacado paulista, a carcaça do boi castrado encerrou o último mês com um avanço de 13,81%, estabelecendo-se em R$ 22,69/kg, o maior patamar da história, de acordo com dados da Agrifatto.

“Todos os cortes bovinos apresentaram um bom desempenho, com destaque para o dianteiro, que registrou acréscimo de 14,83% (em relação ao dia anterior), ficando precificado a R$ 19,76/kg”, ressalta a consultoria.

Por sua vez, continua a Agrifatto, o traseiro bovino registrou alta mensal de 14,30%, para R$ 26,07/kg, enquanto a ponta de agulha anotou valorização de 13,90%, situando-se em R$ 19,19/kg.

“O movimento de alta está relacionado a valorização no preço do boi gordo e a necessidade de repasse de preços da indústria para os varejistas”, reforça a Agrifatto, acrescentando que “o bom volume das exportações auxiliou para que a disponibilidade interna da proteína bovina continuasse enxuta e disputada no atacado paulista”.

Para as próximas semanas de dezembro/24, prevê a Agrifatto, espera-se a continuação da valorização em todas as proteínas animais, impulsionada por uma demanda mais robusta, devido aos preparativos para as festividades de fim de ano.

No entanto, afirmam os analistas da consultoria, diante de um forte aumento de preços no varejo, é possível que o ritmo de alta seja mais tímido em relação ao desempenho observado nos meses anteriores, “justamente por conta de uma limitação do poder de compra da população”.

Balanço e expectativas

A última semana de novembro/24 continuou apresentando altas no mercado físico do boi gordo. Segundo o indicador Agrifatto (baseado em 17 praças brasileiras), o preço médio do animal terminado foi de R$ 351,70/@, com um aumento de 1,62% no comparativo semanal.

Por sua vez, com o fechamento de novembro/24, o preço médio do boi gordo na praça paulista atingiu R$ 338,76/@ (indicador Cepea/Esalq), o maior patamar dos últimos 32 meses, e um aumento mensal de 12,50%, informa a Agrifatto.

No entanto, ressalta o relatório da Agrifatto, desde terça-feira (26/11/24), “o movimento intenso e negativo que aconteceu no mercado futuros do boi gordo (contratos da B3) afetou diretamente a comercialização de gado, inclusive com diversas plantas frigoríficas saindo das compras a partir da quinta-feira (28/11/24)”.

“Os frigoríficos alegam dificuldade no escoamento da carne bovina no varejo para desacelerar as compras”, diz a Agrifatto, acrescentando, porém, que ainda há dificuldades para encontrar lotes de animais terminados nas praças brasileiras.

Necessidade de proteção

Na visão do analista Raphael Galo, da Terra Investimentos, “aquele tempo de preços amargos (para o boi gordo) como junho/24 (R$ 220/@) e no início de setembro/23 (R$199,65/@) ficaram para trás”.

No entanto, em sua coluna permanente que circula toda semana no informativo “Boi & Companhia”, da Scot Consultoria, Galo recomenda os pecuárias o uso de PUTs (seguros contra queda de preços, fechados na B3) como ferramenta de gestão, “pois ninguém tem bola de cristal para saber o que pode acontecer com os preços”.

Indicador CEPEA Boi gordo

(Preços à vista, SP)

Contratos futuros na B3

Datas R$/@ Dez-24 Jan-25 Fev-25 Mar-25 Abr-25 Mai-25 Jun-25
31/10/24 318,60 323,60

 

319,25 313,95 312,50

 

312,45

 

308,65

 

302,20
29/11/24 351,95 319,00

 

314,35 308,80 307,20 302,30 302,85

 

297,75

 

Indicadores do Cepea/Esalq Fechamento de mês do boi gordo em SP (R$/@, valor nominal)
2024 2023
31 de janeiro

 

245,0

 

288,7

 

29 de fevereiro 235,40

 

267,95

 

28 de março 232,30

 

295,95

 

30 de abril 229,35

 

271,4

 

31 de maio 221,15

 

243,25

 

28 de junho 225,15

 

254,2

 

31 de julho 232,5

 

243,85

 

30 de agosto 239,75

 

199,8

 

30 de setembro 274,35

 

236,15

 

31 de outubro 318,6

 

237,5

 

29 de novembro 351,95

 

239,7

 

*02 de dezembro 351,80 249,45

 

*Semana de fechamento desta edição DBO.

Fonte: Cepea/Esalq

 

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